Que
Fernando Pessoa tinha escrito sobre gestão, legando muitas indicações hoje
preciosas, caldeadas no seu mister de guarda-livros e também numa biblioteca de
economia que foi construindo, não se ignorava. Mas Maximiano Gonçalves
apresentou ao público da Biblioteca Municipal de Setúbal o trajecto do poeta e
guarda-livros a um ritmo de certeira descoberta, cruzando os escritos pessoanos
com aquilo que hoje sabemos que domina a gestão.
Maximiano
Gonçalves foi o convidado da Associação Cultural Sebastião da Gama para, na
noite de 3 de Novembro, falar sobre “Fernando Pessoa e a gestão”. Colaborador
do Diário de Notícias, da RDP, da TSF
e do Le Monde Diplomatique, Maximiano
Gonçalves já trabalhou em gestão e leccionou nessa área, versando a liderança,
a dinamização de recursos humanos e comportamento organizacional. Tem publicada
a obra Dizer é preciso (1998), que
reúne as suas crónicas transmitidas na RDP.
Fernando
Pessoa não foi caso único neste ofício de empregado de escritório, que era
também correspondente de línguas, tradutor e publicitário. Nomes grados como
Erich Maria Remarque ou Fitzgerald também passaram pela publicidade, como
Pessoa. Além disso, o escritor dos heterónimos chegou a criar a sua própria
empresa no mundo da edição, a Íbis, ainda que com resultados modestos. Defensor
da livre empresa, Pessoa avançou em Portugal com a ideia de consultoria e
teorizou sobre organização. De igual forma apregoou princípios que relacionam
as empresas com as sociedades em que estão envolvidas – “as empresas comerciais
e industriais participam do estado moral das sociedades a que pertencem”.
Foi todo
este universo que Maximiano Gonçalves nos levou a visitar perante uma
assembleia atenta. Afinal, falava-se também de Fernando Pessoa, o poeta que
Sebastião da Gama admirou, leu, estudou, chegando mesmo a revelar essas
leituras nos seus poemas! - JRR
[na foto: Manuel Pisco (vereador da CMS), Maximiano Gonaçalves e João Reis Ribeiro (ACSG)]
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